Queridos professores: os tempos estão mudando.

Edmilson Rodrigues
3 min readApr 2, 2023

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Recentemente participei em um evento sobre evasão em cursos de T.I. na livraria Jaqueira. Lá estavam professores e coordenadores de cursos de T.I. de Pernambuco.

Uma coisa que me tocou foi a fala de uma professora que mencionou que pela forma como a coisa foi colocada ali toda a culpa da evasão dos estudantes parece que recai sobre o professor. O professor é o culpado de tudo. E mencionou também que, se todas as aulas acontecerem através de gravações ou de uma I.A. tutora, o que vão fazer as dezenas de milhares de professores que existem atualmente?

Eu percebo que vocês estão angustiados e incertos sobre o futuro. Permitam-me oferecer algumas palavras de conforto como uma pessoa que vive pensando sobre o futuro e que já teve que se reinventar algumas vezes na vida.

Como falou Bob Dylan: “Os tempos estão mudando.”

Essa não é a primeira vez na história da humanidade que existem mudanças tecnônicas na sociedade. Pode parecer clichê, mas os Estoicos têm muito a nos ensinar sobre como lidar com nossas emoções em momentos de mudança e de incerteza. Um dos princípios do estoicismo é o Amor Fati, ame seu destino:

Outro principio do estoicismo é o Memento Mori.

Então, professores. Gostaria de lhes perguntar:

  • O que está sob seu controle e o que não está sob seu controle na sua prática como professor? E na gestão do seu curso?
  • Lembre-se, você vai morrer. Quais são os dogmas, os tabus e os preconceitos que você gostaria de questionar antes desse dia chegar? Qual o legado que você quer deixar?

Querer lutar contra o avanço da tecnologia é mais ou menos como querer vencer a força da gravidade batendo os braços. Os bancários não conseguiram barrar o avanço da digitalização dos bancos. Os taxistas não conseguiram barrar o avanço do Uber apesar de todos os protestos.

É melhor você ser o Uber do que você ser uberizado.

  • Como a tecnologia pode ser sua aliada para o aprendizado dos alunos?
  • Como os alunos podem continuar aprendendo através do WhatsApp e do Instagram e outras ferramentas que eles já usam no seu dia a dia?
  • Vocês já pararam para perguntar aos alunos porque eles estão evadindo dos cursos?

Eu fico pensando sobre o problema da evasão e penso sobre o caso da Lovecrypto, a startup que co-fundei ao entrar no mestrado do CIn/UFPE. Quando iniciamos o empreendimento, em Setembro de 2019, éramos dois graduandos e dois mestrandos. Os mestrandos terminaram o mestrado e pensam em voltar para o doutorado. Já os graduandos não têm tanta perspectiva de terminar ou de voltar.

O que vocês estão acertando na pós-graduação e errando na graduação?

Na minha pós-graduação, os meus orientadores deixavam-me perseguir as minhas paixões intelectuais. “Deu liga” entre o que estávamos pesquisando e os meus interesses pessoais e profissionais.

Hoje em dia, eu e outros colegas que fazem parte da Lovecrypto pensamos em fazer doutorado para ajudar a resolver problemas centrais para o futuro do dinheiro no Brasil, que será o Real Digital. E estamos ajudando a criar um Grupo de Estudos em Finanças Digitais no CIn/UFPE. Ou seja, os interesses acadêmicos e profissionais se reinforçam.

Por fim, gostaria de lhes deixar com Ney Matogrosso e uma música muito oportuna, “O Mundo é um Moinho”:

E caso algum dia vocês forem substituídos por um chat-bot, inteligência artificial ou video-aula no Youtube, eu altamente recomendo conhecer o trabalho do Prof. Marcos Primo do DCA/UFPE que criou uma metodologia chamada “Experiência Empreende”, para ajudar empreendedores maduros em transição de carreira. O mundo sempre poderá contar com mais um empreendedor(a).

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