Fim do mestrado: Agradecimentos e planos para o futuro.

Edmilson Rodrigues
5 min readOct 31, 2021

--

Prezados professores da UFPE,

Estou em vias de finalizar o meu mestrado. Já apresentei à banca e fui aprovado. Agora falta implementar as correções sugeridas e depositar a dissertação.

Captura de tela durante a banca

Estou lhes escrevendo para agradecer e também para pedir desculpas se assustei vocês ao falar tanto sobre Elon Musk ou ao mencionar “A Arte da Guerra” (que é um livro sobre estratégia, o primeiro produzido pela humanidade).

O fato é que eu voltei para o mestrado na UFPE em um momento muito difícil da minha vida. Eu havia acabado de ir à falência com o empreendimento anterior, experiência que conto nesse link. Então eu estava decepcionado, amargurado, com raiva… Além do que estava com dificuldades financeiras. Tanto é que de dia eu fazia o mestrado e de tarde e à noite eu entregava salgadinhos e docinhos feitos por minha esposa. Não acredita? Clique aqui para ver o link do Instangram da DeLucias Doces e Salgados.

Mas entrar no mestrado no CIn me deu um novo significado na vida naquele momento. E meus orientadores souberam me guiar com muito tato e gentileza na caminhada da pesquisa. E também apoiaram o meu desejo de empreender ao mesmo tempo que fazia o mestrado. Tanto que um dos orientadores se tornou também um investidor no empreendimento.

Logo que voltei para a universidade eu sofri um choque cultural. A Academia é baseada na humildade e reverência ao passado, enquanto o mundo do empreendedorismo é baseado na auto-confiança e na orientação ao futuro.

Eu pude observar essa diferença cultural logo no começo quando, num momento em que houve um corte de bolsas da CAPES, eu sugeri aos colegas alunos que uma possível solução era empreender. Eles ficaram revoltados e o que percebi foi que, em algum momento da vida deles, alguém disse que empreendedorismo não era para eles, ou que empreendedorismo é coisa de gente que só pensa em dinheiro.

Na verdade, o empreendedorismo é um dos caminhos para as pessoas realizarem seus sonhos e melhorar a sociedade. É muito importante ressignificar isso na cabeça dos alunos, pois o ser humano empreendedor é um protagonista e solucionador de problemas.

Vide o caso da Lovecrypto, por exemplo. Nós saímos do zero a uma valuation de USD$2.5 milhões em dois anos e nossa meta é captar a próxima roda na avaliação de USD$10 milhões. Além disso, hoje geramos 6 empregos para alunos ou ex-alunos da UFPE (inclusive o meu). Também, trouxemos para Recife o projeto de renda básica da Impact Market, o qual já ajuda 39 pessoas atualmente e tem foco em oferecer recursos para a conectividade de estudantes.

Esse é o poder do empreendedorismo transformador. E, como escrevi na minha dissertação, é necessário expandir a cultura da universidade para a mesma ser um locus de inovação e empreendedorismo para que mais Lovecryptos surjam.

Para tanto, eu quero compartilhar um achado interessante da minha dissertação, cuja apresentação para a banca vocês podem observar nesse link.

Alguns achados interessantes foram:

  • A maior dificuldade apontada pelos alunos que empreenderam é acesso a capital early stage. Os primeiros R$25k, R$50k ou R$100k para que as pessoas possam se dedicar integralmente ao empreendimento.
  • Tanto os professores quanto os líderes do ecossitema de TIC apontaram que faltam mecanismos integradores entre o mercado e a academia, entre Alumni e alunos.

Crypto é a solução

Como diz Peter Diamandis, criador da Singularity University: Tudo o que é digitalizado se torna abundante. Aconteceu com as músicas, com os livros, com informação, e agora está acontecendo com o próprio dinheiro.

Nós estamos no começo de uma revolução silenciosa que é o advento das criptomoedas e da tecnologia do Blockchain. O Blockchain permite a criação de um novo formato de organização chamado DAO (Descentralized and Autonomous Organizations):

Uma solução para os problemas identificados em minha dissertação é a criação de um DAO para unir a academia e mercado, os alunos, Alumni e professores, para financiar pesquisas e empreendimentos nascidos na UFPE.

Isso é uma coisa tão vanguarda, mas tão vanguarda, que nem Harvard, nem Stanford, nem Oxford, nem Cambridge, nem o MIT têm. É uma coisa que está sendo ensaiada em Berkeley, e lá eles chamam de Fiat Lux Dao (Fiat Lux é o lema da universidade deles). Portanto, uma sugestão que pode resolver os problemas da conexão entre Academia e o mercado na UFPE é a criação do Virtus Impavida DAO.

Mas, de onde vai vir o dinheiro para financiar essa entidade que pode vir a financiar muitas pesquisas e investir em startups criadas por alunos e professores da UFPE?

  • A Celo tem um programa de grants que, só na última rodada, distribuiu $9.35M a 50 projetos.
  • Empresas ou empresários bem sucedidos do Porto Digital podem investir.
  • Fundos de investimento nacionais ou internacionais.

Isso é algo fascinante que eu gostaria de estudar e fazer acontecer durante um doutorado. Só não pode ser imediatamente agora, pois primeiro preciso fazer a Lovecrypto estabelecer-se de forma sustentável.

Nosso 1% de Gratidão

Durante o meu mestrado, uma das disciplinas que achei mais excelentes foi a Empreendedorismo no Vale do Silício, do Prof. Paulo Adeodato. Lembro bem de uma aula que o Prof. Paulo me perguntou: “Você disse que vem empreendendo em tecnologia há uns 10 anos. Porque você acha que não deu certo até hoje?”

Eu respondi que uma coisa que era diferente nessa nova iniciativa era que agora eu fazia parte de uma comunidade: A do CIn. E essa comunidade fez a diferença em nossa trajetória em muitos momentos:

  • Por exemplo, o Prof. Cristiano permitiu colocar as despesas da viagem que fiz para estreitar laços com a Celo no cartão de crédito pessoal dele.
  • O Prof. Cristiano investiu o primeiro capital junto com o Pedro Ramalhete em nossa startup.
  • O Prof. Ruy de Queiroz criou uma disciplina sobre Bitcoin e criptomoedas.
  • O Prof. José Carlos Cavalcanti sempre compartilha excelentes fontes e conteúdo sobre blockchain.
  • O Prof. Paulo Adeodato criou a disciplina empreendedorismo no Vale do Silício e me deu excelentes conselhos.
  • Mais recentemente, o Prof. Filipe Calegario criou um grupo de estudos em blockchain chamado Bloco.

Talvez a maior coisa que faz do CIn um exemplo a ser seguido é que eles têm uma cultura de colaboração. Para nós da Lovecrypto, é um prazer colocar mais um tijolo nesse edifício da cultura do CIn ao reafirmarmos o nosso compromisso do 1% de gratidão, de destinar 1% das ações da empresa (no momento da criação da mesma) para o CIn.

É nosso sincero desejo que mais startups sejam contaminadas por esse espírito de comunidade e também façam o 1% pledge para com nossa universidade.

--

--